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A doença celíaca e as suas manifestações orais

  • Foto do escritor: Leonor Patinha
    Leonor Patinha
  • 26 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

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Estudos recentes referem que a incidência da Doença Celíaca (DC) está a aumentar. A forma Clássica da doença manifesta-se geralmente a partir do 2º semestre de vida, altura em que se introduzem os cereais na alimentação da criança. O quadro clínico característico inclui transtornos gastrointestinais evidentes e permite, regra geral, a detecção da doença. Por outro lado, formas atípicas onde as manifestações gastrointestinais são menos frequentes, encontram-se muitas vezes sub-diagnosticadas e estes doentes, em risco de desenvolver uma série de patologias associadas à DC, como o Adenocarcinoma do intestino delgado ou o Carcinoma do esófago e da faringe. É para estas formas atípicas da doença que se torna especialmente importante valorizar as manifestações orais, encontradas em muito Celíacos e que podem constituir os únicos sinais da doença.

Os estudos indicam que os Defeitos do esmalte dentário são os mais preditivos para a DC e por este motivo, a sua detecção deve implicar uma avaliação mais atenta da história clínica do paciente, procurando despistar outros sinais que possam corroborar a suspeita de DC e conduzir à realização de exames serológicos de diagnóstico. Ou seja, na sua prática clínica, o Médico Dentista que se depara com uma Hipoplasia do esmalte dentário deve questionar o doente ou o seu responsável sobre a existência de outros sinais de DC, nomeadamente os transtornos gastrointestinais e, em caso afirmativo, encaminhar o doente para uma consulta com o Médico de família ou um Gastroenterologista.

Os Defeitos de esmalte caracterizam-se por alterações ao nível da sua cor e/ou estrutura. Os dentes apresentam “manchas” brancas que podem tornar-se amarelas ou acastanhadas e irregularidades que tornam o esmalte sulcado e rugoso, podendo chegar a alterar totalmente a anatomia da coroa dentária.

AINE designou os defeitos de esmalte dentário encontrados nos celíacos por defeitos “tipo-celíaco”. Estes apresentam um padrão simétrico nos quatro quadrantes da dentição e atingem maioritariamente incisivos e molares. Podem ser classificados em vários graus (1, 2, 3 e 4), consoante a sua severidade. A hipoplasia do esmalte tem sido associada à DC numa percentagem mais elevada àquela que é encontrada na população em geral. Muito provavelmente porque a DC não tratada contribui para um aporte deficitário de nutrientes com hipocalcémia (redução do aporte de Cálcio), durante a formação do esmalte. Segundo alguns autores pode também ocorrer uma resposta auto-imune, com produção de anticorpos contra as células produtoras de esmalte (Ameloblastos) e consequente distúrbio na sua formação.

Se considerarmos que a DC não tratada pode conduzir a um aporte deficitário de nutrientes, com prejuízo para as quantidades, não só de Cálcio mas também de Ferro, Ácido Fólico e Vitamina B12 facilmente se depreende que, dependendo da idade em que ocorra, pode contribuir para o aparecimento de várias outras alterações ao nível da saúde oral, nomeadamente:

  1. Estomatite Aftosa Recorrente (EAR)

  2. Pigmentação extrínseca negra (maior prevalência, provavelmente devido a alterações da microflora oral).

  3. Atraso na erupção dentária

  4. Diminuição do tamanho dos dentes

  5. Disfunção das glândulas salivares

  6. Glossite e língua despapilada

  7. Ardor na língua

  8. Queilite angular

Nenhum destes distúrbios por si só justifica a realização de exames serológicos para despiste da DC, a não ser que ocorra a par com outras alterações compatíveis com a doença.

O que parece ser fundamental é uma nova sensibilidade para as questões relacionadas com as doenças associadas ao Glúten, nomeadamente a Doença Celíaca, para que esta possa ser diagnosticada e os doentes possam minimizar atempadamente os riscos que lhe estão associados.

O Médico Dentista, pela sua proximidade com o paciente, pode contribuir de forma decisiva para o diagnóstico da Doença Celíaca, principalmente nas suas formas atípicas.


Leonor Patinha


Artigo publicado aqui:

 
 
 

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